Nego Di, comediante e influenciador digital   •  Reprodução/Redes sociais
Dois carros de luxo foram sequestrados pela Justiça com o casal   •  MPRS/Divulgação
Um dos carros apreendidos pelos agentes nesta sexta-feira (12)   •  MPRS/Divulgação
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Celulares e demais equipamentos que possa dimensionar o tamanho do crime investigado foram apreendidos   •  MPRS/Divulgação
Agentes cumpriram mandados em Santa Catarina, na residência do casal   •  MPRS/Divulgação
Amra de uso das Forças Armadas foi apreendida com Gabriela, que acabou presa em flagrante   •  MPRS/Divulgação
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Gabriela Sousa e Nego Di, influenciadores digitais do Rio Grande do Sul   •  Reprodução/redes sociais
Gabriela Sousa e Nego Di são investigados por suposta lavagem de dinheiro e fraude em rifas virtuais   •  Reprodução/redes sociais
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Em quatro meses do site 'Tá di zueira' no ar, foram R$ 5 milhões movimentados segundo a Polícia Civil do Rio Grande do Sul. O período foi o suficiente para angariar vítimas, receber o dinheiro delas e sumir. Nesse período, em 2022, foram pelo menos 370 casos de estelionato e 443 reclamações no site Reclame Aqui.

A polícia aponta dois pivôs do golpe de produtos fantasmas: Dilson Alves da Silva Neto, conhecido como Nego Di, e Anderson Bonetti. Apesar da alegação da defesa de que Dilson fazia apenas a divulgação do site, para os investigadores os dois foram sócios na empreitada criminosa.

Basicamente as ofertas compreendiam três produtos: TVs, iPhones e aparelhos de ar condicionado. Com prazos que iam de 20 a 60 dias para entrega, os produtos eram comprados mas nunca chegavam até a casa de quem os encomendava. A polícia sustenta que o prazo longo era a maneira de garantir que o máximo de pessoas caíram no golpe antes que alguém pudesse reclamar do atraso.

/ Reprodução/CNN
/ Reprodução/CNN

Segundo a polícia, Bonetti foi o responsável por criar um sistema semelhante a um e-commerce. A diferença é que o dinheiro entrava, mas o produto não saia, muito embora os dados de entrega ficassem armazenados.

Em vários vídeos para redes sociais, Dilson afirma que a loja era dele e não de outra empresa. O discurso era usado como garantia para que as pessoas se sentissem encorajadas em investir nos itens.

Em uma das promoções, de 2022, um iPhone 13 Pro Max com 128 gigabytes de memória era oferecido a R$ 5.578,10. O modelo tinha sido lançado meses antes a R$ 7.599. Na mesma época, aparelhos de ar condicionado eram vendidos por valores entre R$ 599,90 e R$ 999,90 no site 'Tá di zueira'. Dois anos depois, o modelo mais simples da marca, em pleno inverno, não sai por menos de R$ 1.600, quase o triplo do preço daquela época.

Os valores abaixo do mercado eram também um atrativo para conquistar as vítimas do golpe. Outra estratégia era o veto a compras no cartão de crédito, para impedir o estorno do valor. Os produtos só eram comercializados via PIX ou boleto.

A CNN conversou com vítimas do golpe que tentam recuperar o dinheiro com a ajuda da Justiça e da polícia. Willian Costa é servidor público e perdeu R$ 7 mil na tentativa de comprar dois aparelhos de ar condicionado e um celular.

“O Nego Di também já tinha aqui um estabelecimento comercial físico, um restaurante no norte de Porto Alegre, então seria fácil encontrá-lo. A loja também estava com o CNPJ ativo, tudo certo na Receita Federal. Ele havia feito, inicialmente, algumas entregas lá nesse estabelecimento comercial dele, que chama Casa dos Guris. E tudo isso fazia com que transparecesse veracidade, conferindo credibilidade ao negócio. Então muitas pessoas compraram, eu fui uma delas”, conta ele.

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As vítimas se espalham por todo Brasil. Wlademir Almeida, advogado e consultor imobiliário mora em Maceió (AL) e pagou por um iPhone no site. Ele conta que a propaganda de Dilson e outros influenciadores foi decisiva para que ele decidisse comprar o celular.

“Então todos com vários milhares de seguidores e nas suas redes sociais sempre ostentando uma condição de vida ótima, avam credibilidade, né? Mas aconteceu o que aconteceu, foi realizada a compra no valor que era abaixo do mercado, não era tão inferior do mercado ao ponto de ser ridículo o valor, era um valor realmente um pouco abaixo, mas como tinha toda a história que ele havia inventado, ficava bem plausível”, explica ele.

“Então, eu fiz a compra, mas não recebi o valor, o prazo de entrega era bem extenso, mas depois desse prazo não foi recebido, tentei entrar em contato com diversas vezes, com eles, com todas as pessoas que eram envolvidas, mas não consegui nenhum tipo de retorno”, completa.

O gerente istrativo Júlio Cézar Silveira teve uma ideia mais ousada: comprar aparelhos de ar condicionado para revender. Para isso, ele usou o dinheiro que tinha da venda de um carro. Foram 23 aparelhos e um prejuízo que superou R$ 30 mil.

“A esperança de todos é a mesma, de reaver os valores. Esse número que a que se fala hoje, de 370 vítimas, a gente acredita que seja muito maior que isso. A gente sabe de diversas pessoas que por investirem um valor baixo acabaram não entrando na Justiça contra ele. Acho que agora com a visibilidade que o caso ganhou, mais e mais pessoas vão ficar sabendo o que fazer para poder reaver esses valores”, defende ele.

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