Nos últimos dias, a gente viu muitos influenciadores se posicionando sobre o projeto de lei que equipara o aborto legal a homicídio - um retrocesso absurdo nos direitos das mulheres, faço questão de ressaltar aqui. Toda vez que isso acontece, vejo muitos comentários criticando essa postura e dizendo que “influenciador não tem que se posicionar”. Será?
Pra não sair falando coisa da minha cabeça, fui atrás de alguns dados sobre esse assunto e conversei com a Rafa Lotto, head da Youpix, que é a principal consultoria sobre o mercado de criadores de conteúdo. Segundo ela, ”influenciar alguém é mais do que indicar a blusinha pra comprar, mas ter a capacidade de moldar o pensamento das pessoas”. A Rafa ainda me mostrou uma pesquisa recente que mostra que mais de 70% das pessoas concordam que o influenciador é, sim, alguém que promove ideias e pode influenciar opiniões e comportamentos, independentemente da quantidade de seguidores.
“Ah, mas tem gente que fala sem ter nenhuma base pra isso”. Sim, concordo. Mas isso sempre existiu, né? O bom influenciador sabe da responsabilidade que tem ao se posicionar e faz isso de maneira consciente. É assim que ele se conecta e constrói sua credibilidade pra continuar sendo uma voz importante nesse universo gigante - caso contrário, ninguém mais vai querer ouvir o que ele tem a dizer. "Quando o criador compartilha a sua opinião, posicionamento e até a sua vida, está abrindo espaço pra construir a credibilidade e confiança que a audiência precisa. Está mostrando quem está por trás daquele perfil, e isso constrói laços muito mais fortes do que os produtos que eventualmente indica”, defende a Rafa.
É quase como aquele amigo íntimo conversando com a gente na sala de casa, sabe? A gente quer saber o que ele pensa sobre determinado assunto e confia no que ele diz. Segundo a mesma pesquisa que citei antes, mais de 50% das pessoas dizem ter um alto ou muito alto nível de confiança em relação às opiniões e recomendações dos influenciadores que seguem - ou seja, não tem como negar que o posicionamento deles faz diferença. Se você concorda ou não, é outra discussão - eu até acredito que é discordando que a gente evolui mais.
Pode discordar de mim, inclusive, mas eu defendo e valorizo muito os influenciadores que usam a voz pra causas importantes. São eles os novos formadores de opinião e se souberem fazer isso com responsabilidade e transparência, todo mundo sai ganhando.